sexta-feira, 8 de março de 2013

Meu livro preferido.

Tu és um livro de belas poesias. Cada dia que te vejo, ouço, toco, é como uma nova página com um novo e excitante poema se escrevendo através de todos teus gestos e de todo o teu ser.
Leio-te - também, e muito, em braile - incansável e diariamente. Tuas poesias ficam cada vez mais lindas.
Quando chego a ler-te tão intensamente que já me vejo mergulhada nesse livro que és, ah, quando isso acontece não há coisa no mundo que explique o sentimento delicioso de amor e gozo.
E como leio e me delicio todos os dias assim, torna-se meu total objetivo de vida a leitura infindável de ti.

domingo, 3 de março de 2013

Amparar-se.

Queria um abraço ao qual pudesse recorrer instantaneamente quando preciso. Sem explicações ou questionamentos.
Um abraço, que com as mãos desses braços, acariciasse de leve minha face a fim de limpar minhas lágrimas - mas não com a intenção de fazê-las cessar.
Deixar escorrer as lágrimas de tantos sabores, amores e dores.
Queria um amparo onde não importasse o motivo do choro nem do lamento: acontecimentos diários ou momentos de bipolaridade, não interessa.
Esse abraço, talvez - não me iludo mais - seja o meu próprio.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Trecho de "Triste Fim de Policarpo Quaresma" - Lima Barreto

"Tudo isso irritava profundamente Quaresma. Vivendo há trinta anos quase só, sem se chocar com o mundo, adquirira uma sensibilidade muito viva e capaz de sofrer profundamente com a menor cousa. Nunca sofrera críticas, nunca se atirou à publicidade, vivia imerso no seu sonho, incubado e mantido vivo pelo calor dos seus livros. Fora deles, ele não conhecia ninguém; e, com as pessoas com quem falava, trocava pequenas banalidades, ditos de todo o dia, cousas com que a sua alma e o seu coração nada tinham de ver.
Esse encerramento em si mesmo deu-lhe não sei que ar de estranho a tudo, às competições, às ambições, pois nada dessas cousas que fazem os ódios e as lutas tinha entrado no seu temperamento.
Desinteressado de dinheiro, de glória e posição, vivendo numa reserva de sonho, adquirira a candura e a pureza d'alma que vão habitar esses homens de uma ideia fixa, os grandes estudiosos, os sábios, e os inventores, gente que fica mais terna, mais ingênua, mais inocente que as donzelas das poesias de outras épocas.
É raro encontrar homens assim, mas os há e, quando se os encontra, mesmo tocados de um grão de loucura, a gente sente mais simpatia pela nossa espécie, mais orgulho de ser homem e mais esperança na felicidade da raça. (...)"

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Meus lábios secam sem os teus
É insuportável esse deserto
Só quando junto minha boca na tua,
Meu corpo no teu corpo,
Minha carne na tua carne,
Minha pele na tua pele
É que consigo matar essa sede e seca

Pra sempre quero inundar-me em ti
Afogar-me nos teus beijos, nos teus sussurros,
Nas tuas palavras,
No teu mar de carícias e amor sem fim

Pra sempre quero refugiar-me em teus abraços e ouvir-te me chamando de teu passarinho

domingo, 9 de dezembro de 2012

Tu

Pulsante, desesperada e irresponsável, me entrego. Não sei o que estás fazendo, nem pra onde estou indo, mas vou. Levada por esse frêmito, essa coisa inexistente e não palpável. Por ser assim, também bela.




Faz-se sem sentido tudo que há ao redor. Todas as motivações, vontades, quereres, são nulos sem tu aqui. Essa inexistência de vida, esse sufoco no peito, essa dependência, todas essas desagradáveis do amor estão me destruindo. E me fazendo viver.

(26/11/12)

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Trecho de "O Sonho do Homem Ridículo" - Dostoiévski

"Sou um homem ridículo. Agora já quase me têm por louco. O que significaria ter ganho em consideração, se não continuasse sendo um homem ridículo. Mas eu já não me aborreço por causa disso, agora já não guardo rancor a ninguém e gosto de toda a gente, ainda que se riam de mim... sim, senhor, agora, não sei por quê, mas sinto por todos os meus próximos uma ternura especial. Teria muito gosto em acompanhá-los no vosso riso... não precisamente nesse riso à minha custa, mas sim pelo carinho que me inspiram, se não me fizesse tanta pena vê-los. É pena que não saibam a verdade. Oh, meu Deus! quanto custa isso de ser um só a saber a verdade! Mas isto não compreendem eles. Não, nunca compreenderiam isto. A princípio fazia-me sofrer muito a ideia de parecer ridículo. Não o parecê-lo, mas o sê-lo. Eu sempre fui ridículo, e eu já o sabia talvez desde que nasci. Talvez já aos sete anos eu me apercebesse perfeitamente de que era ridículo. Depois fui para a escola, e a seguir para a Universidade, mas... quanto mais aprendia, mais obrigado me via a reconhecer a minha condição de criatura ridícula. De maneira que todos os meus estudos universitários não tinham outro objetivo senão o demonstrarem-me e explicarem-me a mim próprio, nas minhas meditações, que eu era um ser ridículo. E, na vida, acontecia-me o mesmo com a ciência. Todos os anos aumentava e se fortalecia em mim o conhecimento da minha condição ridícula, em todos os sentidos. Toda a gente se ria de mim. Mas ninguém sabia, nem suspeitava se quer, que, se existia no mundo um homem que soubesse melhor do que todos eles como eu era ridículo, esse homem era era eu próprio. E era precisamente isso o que mais me enraivecia: que não soubessem. Mas disso tinha eu a culpa. (...)... e que foi a convicção adquirida de que tudo neste mundo é, afinal, uno.Havia já muito tempo que o pressentira, mas a convicção plena só assentou no meu espírito no último ano e de uma maneira súbita. Senti de um momento para outro que para mim tudo era indiferente, que tanto me fazia que o mundo existisse como não. Pouco a pouco ia vendo e sentindo que não havia nada fora de mim. Parecia-me que, de fato, a princípio tinham existido muitas coisas, mas adivinhei igualmente depois que antes também não tinha havido nada, e que se assim me parecera, foi por alguma razão. E, pouco a pouco, fui-me convencendo que daí para diante também não haveria nada. A partir dessa altura até agora deixei de preocupar-me mais com os mortais e quase e quase não voltei a dar-lhes atenção. O que não tardou a refletir-se sobre as coisas mais insignificantes, pois ocorria-me, por exemplo, quando andava pelas ruas, dar encontrões em toda a gente. E não se julgue que era por ir afundando em meditações, isso não podia ser, porque eu já tinha de pensar em tudo, tudo me era indiferente. Ainda se ao menos me tivesse entregue à resolução de problemas! Mas não, nem um só resolvi na minha vida, e, isso, havendo-os aos pontapés. Mas como tanto me fazia, os problemas afastavam-se de mim sozinhos. (...)"

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Poli. Carpo.

Sem saber-sabendo, não conseguia parar de repetir mentalmente o título Triste Fim de Policarpo Quaresma.